Dia 27 de novembro estreia o polêmico “Do começo ao fim”, escrito e dirigido por Aluizio Abranches. Qualquer filme que aborde o tabu do incesto chama a atenção e desperta curiosidade de alguns para saber qual o desfecho da história, e a indignação de outros por colocar a hipótese da viabilidade a um assunto “proibido”. Da mesma forma a homossexualidade (pasmem) ainda desperta a mesma curiosidade de uns e indignação de outros, como se ainda estivéssemos no tempo da caça às bruxas. Abranches é ousado ao unir as duas polêmicas através de dois meio irmãos, de mesma mãe, que quando adultos acabam sexualizando a intensa relação que sempre cultivaram.
O enredo do filme é bastante linear. Um tema tão controverso é aceito pacificamente pela família de classe alta e acaba perdendo a oportunidade de desconstruir preconceitos ainda presentes na sociedade. Apesar disso inova tanto na temática que faz com que possamos sair do cinema sem a sensação de ter visto mais um filme de amor.
Coincidentemente a estreia acontece pouco tempo após a morte de Claude Lévi-Strauss. O antropólogo que aparentemente não tem nenhuma relação com o longa explorou em muitos estudos o tabu do incesto, assim como tantos outros que abordaram a temática pelo viés cultural. Resumindo ao extremo o tabu do incesto permeia todas as sociedades, sendo que para Lévi-Strauss é a base do que separa os humanos dos outros animais. As regras do incesto são variáveis, uma vez que certas sociedades permitem relações que em outras seriam passiveis até de punições severas. Entretanto sempre há restrições que fazem com que certas mulheres sejam inacessíveis aos homens de sua família, o que obriga os homens a procurarem mulheres fora de seu círculo social, ampliando as relações da tribo.
Outro viés do estudo se dá no plano econômico. Mantêm muitos conceitos expostos anteriormente, mas é possível notar que em determinadas sociedades as leis sociais do incesto agem em benefício da propriedade familiar, impedindo que esta seja dividida ou estimulando que terras sejam agregadas em prol de determinadas famílias – estimulando o casamento entre primos, por exemplo.
O filme de Abranches traz um ponto pouquíssimo explorado, pois apesar dos estudos sobre o incesto estimularem críticas feministas por colocarem o homem como indivíduo que escolhe a mulher, com posicionamento dominante, a mulher tem sempre papel fundamental no tabu do incesto. Trabalhando o tema com dois homens (João Gabriel Vasconcellos como Francisco e Rafael Cardoso como Thomás) o enredo descontroi vários pontos das teorias sobre o incesto e inclui novas problematizações.
Antes mesmo de estrear a obra sofre críticas de estímulo à homossexualidade, como se estas fossem cabíveis, e diversas outras acusações retrógradas e naturais aos temas mais polêmicos. O interessante é olhar para o espírito inovador, com tema e cenas ousadas. Há ausência de conflitos, mas sobram pontos a serem desenvolvidos em obras posteriores, como em todo trabalho pioneiro. Cabe agora aos espectadores romperem a barreira das críticas moralistas e pensarem o cinema como uma forma de questionamento e inovação.
O enredo do filme é bastante linear. Um tema tão controverso é aceito pacificamente pela família de classe alta e acaba perdendo a oportunidade de desconstruir preconceitos ainda presentes na sociedade. Apesar disso inova tanto na temática que faz com que possamos sair do cinema sem a sensação de ter visto mais um filme de amor.
Coincidentemente a estreia acontece pouco tempo após a morte de Claude Lévi-Strauss. O antropólogo que aparentemente não tem nenhuma relação com o longa explorou em muitos estudos o tabu do incesto, assim como tantos outros que abordaram a temática pelo viés cultural. Resumindo ao extremo o tabu do incesto permeia todas as sociedades, sendo que para Lévi-Strauss é a base do que separa os humanos dos outros animais. As regras do incesto são variáveis, uma vez que certas sociedades permitem relações que em outras seriam passiveis até de punições severas. Entretanto sempre há restrições que fazem com que certas mulheres sejam inacessíveis aos homens de sua família, o que obriga os homens a procurarem mulheres fora de seu círculo social, ampliando as relações da tribo.
Outro viés do estudo se dá no plano econômico. Mantêm muitos conceitos expostos anteriormente, mas é possível notar que em determinadas sociedades as leis sociais do incesto agem em benefício da propriedade familiar, impedindo que esta seja dividida ou estimulando que terras sejam agregadas em prol de determinadas famílias – estimulando o casamento entre primos, por exemplo.
O filme de Abranches traz um ponto pouquíssimo explorado, pois apesar dos estudos sobre o incesto estimularem críticas feministas por colocarem o homem como indivíduo que escolhe a mulher, com posicionamento dominante, a mulher tem sempre papel fundamental no tabu do incesto. Trabalhando o tema com dois homens (João Gabriel Vasconcellos como Francisco e Rafael Cardoso como Thomás) o enredo descontroi vários pontos das teorias sobre o incesto e inclui novas problematizações.
Antes mesmo de estrear a obra sofre críticas de estímulo à homossexualidade, como se estas fossem cabíveis, e diversas outras acusações retrógradas e naturais aos temas mais polêmicos. O interessante é olhar para o espírito inovador, com tema e cenas ousadas. Há ausência de conflitos, mas sobram pontos a serem desenvolvidos em obras posteriores, como em todo trabalho pioneiro. Cabe agora aos espectadores romperem a barreira das críticas moralistas e pensarem o cinema como uma forma de questionamento e inovação.
5 comentários:
:)
completamente louca para ver esse filme...
beijos!
retifico o artigo... depois de um debate com o diretor ficou claro para mim que ele desconstroi sim os preconceitos, pois basta mostrar que o amor pode acontecer =)
:)
que máximo!
O filme não representa a realidade do mundo gls. É apenas um conto de fadas "gay". Usam a velha fórmula do "romantismo clássico" para passar a idéia de que o amor puro e perfeito existe. Mas convenhamos, com aqueles corpos esculturais, juventude a flor da pele, riqueza e sucesso fica mesmo fácil "amar" alguém...rsrsrsrsrs..puro esteriótipo, pura enganação...
de fato o filme é um conto de fadas, que se torna inusitado por ser homossexual, mas se pensarmos no tanto de filmes com casais heteros que vivem um conto de fadas apenas possível no cinema...
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